sábado, 29 de outubro de 2011

“A Saga dos Limões” Será Lançada em Comunidade Indígena, nesta segunda-feira, 31/10/2011


  Escola Municipal onde acontecerá o lançamento do livro


Dudé Viana, Luiz Katu e Epitácio de Andrade dias antes... trabalhando no projeto do evento


“A Saga dos Limões” Será Lançada em Comunidade Indígena
                           O livro do Médico Psiquiatra e Pesquisador Social Epitácio de Andrade Filho, intitulado “A Saga dos Limões – Negritude no Enfrentamento ao Cangaço de Jesuíno Brilhante”, será lançado neste dia 31 de Outubro, segunda-feira, a partir das 14 horas, na Escola Municipal “João Lino”, na Comunidade Remanescente Indígena Catu, localizada na zona rural nos limites dos municípios de Canguaretama e Goianinha, na região fronteiriça do Agreste com o Litoral Sul do Rio Grande do Norte.
                           O lançamento do livro do Médico Psiquiatra está inserido na programação da 31ª Festa da Batata, que está ocorrendo na Comunidade Catu, no período de 29 de outubro a 1º de novembro, dentro da mostra de cultura indígena, que é diversificada com palestra sobre saúde mental, proferida pelo próprio autor, e com intervenção musical do Cantor Dudé Viana, que apresentará a música “Cantofa e Jandi”, poema do Indigenista Aucides Bezerra de Sales, versando sobre o morticínio da nação indígena potiguar.
                          
                           O convite para a participação na Mostra de Cultura Indígena da Comunidade Catu ao Médico Epitácio Andrade partiu do Líder Indígena José Luiz Soares, “Luiz Katu”, que também idealizou o momento cultural envolvendo o Pesquisador Aucides Sales, que trabalha na Comunidade há muitos anos, e o Cantor e Compositor Dudé Viana, de quem Aucides é parceiro cultural.

                             De imediato, o Escritor-médico Epitácio aceitou o convite do Professor-índio Luiz katu, que luta ao lado de seus irmãos pela preservação da tradicional “Dança do Toré” e pela manutenção da consciência indígena, ameaçada de extinção pelo poderio da indústria sucroalcooleira.


quinta-feira, 27 de outubro de 2011

O violão e sua evolução histórica - por Dudé Viana

                                                        Foto: Alex Régis
    Dudé Viana

O violão e sua evolução histórica

Dudé Viana



Historicamente, o violão pertence à família dos instrumentos musicais de cordas, utilizado pelos povos primitivos e da antiguidade, sendo que sua verdadeira origem gera muitas controvérsias entre os musicólogos. Para alguns estudiosos, o violão tem diversas raízes derivadas de transformações de instrumentos musicais tais como: cítara romana, chiterma oriental, lira, harpa  e alaúde.
Na Europa, no século VII há indícios da existência de um violão - uma espécie de violão parecido com o de hoje. Mas o que é certo é que o violão tem a sua origem perdida no tempo. Sabe - se que o seu grande desenvolvimento aconteceu na Espanha. Apesar de vários povos fabricarem violões, entre eles os ingleses, franceses e italianos, nenhum era tão bom quanto o violão espanhol.
As primeiras grandes obras publicadas para violão datam de meados do século XV em trabalhos dos artistas espanhóis: Afonso Mudarra e Miguel Fuenllana. Antônio Torres Jurado (1817-1892), um carpinteiro de San Sebastian de Almeria, também na Espanha, foi quem colocou a sexta corda no violão e ficou conhecido mundialmente como o melhor luthier na construção de violões clássicos. Já no século XVIII  compositores renomados como Paganini, Schubert e Weber realizaram várias músicas para violão.
O violão chegou ao Brasil no século XVII através da viola, instrumento similar ao violão em forma de sonoridade. Ela foi trazida pelos jesuítas no bojo da orquestra típica de catequese. Até hoje, muita gente chama violão de viola. O Nordeste brasileiro começou cedo a nos revelar seus ritmos, suas tradições musicais e seus talentos individuais começando por Catulo da Paixão Cearense. Quando ainda não havia rádio no Brasil, ele já toca violão e música popular brasileira – outra história que precisa ser contada.
Em 1908, Catulo da Paixão Cearense (autor de Luar do Sertão), foi convidado para uma audição no Salão do Instituto Nacional de Música no Rio de Janeiro. Acompanhado apenas por seu violão, conseguiu o que até então parecia impossível: levar um instrumento “maldito” para um salão de elite. O sucesso foi tanto que, de lá pra cá, o violão passou definitivamente a fazer parte da nossa história. E na década de 20, houve uma maciça popularização do instrumento, quando deixou de ser instrumento de “malandro” para ser o instrumento preferido das camadas mais altas da sociedade, notadamente no Rio de Janeiro, onde tocar violão era coisa “chic”. Nessa época surge a revista “O Violão”, editada por animados aficionados que pertenciam à alta sociedade cultural do Rio e praticavam o violão como amadores. O violão é conhecido com este nome no Brasil, sendo que em outros países do mundo é conhecido como “guitarra”, “guitarra espanhola” devido ao seu grande desenvolvimento na Espanha e “guitarra acústica” depois do surgimento da guitarra elétrica. Em 1997, em homenagem aos violeiros, gravei o Cd “Violas e Cantigas” tocando um violão como se fosse uma viola – por acreditar que o violão é uma evolução da viola.
Publicações anteriores:
 Jornal Diário de Natal, em 15 de março de 2005.
 Jornal Zona Sul - edição de agosto de 2009.
 Blog da APOESC - em 26 de outubro de 2011.
     Contatos: dudeviana@yahoo.com.br - 84 – 8835 0871 / 9648 7947
                                                

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Show de Dudé Viana em memória de Zila Mamede e Fabião das Queimadas. Santa Cruz/RN, 14/10/2011.


  "As correntes que estão como elementos cênicos do palco eram usadas no cativeiro do Poeta e Rabequeiro Fabião das Queimadas (1848-1928). Valeu, Dudé Viana, por possibilitar esse resgate histórico" - Epitácio Andrade.

 Dudé Viana palestrando sobre a poetisa e escritora Zila Mamede e o poeta e rabequeiro Fabião das Queimadas, e sobre o livro da sua autoria "A Saga Benevides Carneiro", lançado em Santa Cruz na noite de sexta-feira,14/10/2011, juntamente com o seu 6º CD de carreira "O andarilho das canções" (2011).


 Marcos Cavalcanti (poeta, escritor e jornalista), Gilberto Cardoso dos Santos (poeta e professor presidente da APOESC - Associação de Poetas e Escritores de Santa Cruz) e Dudé Viana em bate-papo sobre a cultura popular...

 Marcos Cavalcanti - autor de "Imarginário" e Dudé Viana trocam figurinhas durante o evento...

 Dudé Viana com o amigo Francisco Gomes - um admirador da cultura popular.

 Dudé Viana ladeado por Sr. Elias Pacheco e Cleudia Pinheiro Bezerra, professora aposentada do Curso de Geografia da UFRN, com a utilização de recursos próprios, fundou o Museu do Sertão ''Auta Pinheiro Bezerra'', na Fazenda Boa Hora, no Município de Santa Cruz. Em breve, segundo informação da própria professora, será instalado o Museu da Cidade, no casarão da Praça Coronel Ezequiel Mergelino

Dudé Viana ladeado por Gilberto Cardoso dos Santos e Zé Fernandes (artista-plástico autor das pinturas expostas no palco durante o evento) e Chico Jorge - um amante da cultura popular.

 Débora Raquiel (poetisa, professora e diretora da Casa de Cultura), Gilberto Cardoso, Dudé e Marcos Cavalcanti

 O violão companheiro inseparável de Dudé Viana

domingo, 23 de outubro de 2011

VAGA PARA SOLTEIROS - por Dudé Viana


                  “Vaga para solteiros”
                                  Dudé Viana


     Mulheres, com elas não há quem possa. Nunca houve tantas mulheres bem-sucedidas, bem-cuidadas e bem de vida. E algumas conseguem se manter com o mesmo charme e a beleza feminina, como se o tempo não passasse para elas. Mas são mulheres expostas à violência urbana, a violência doméstica e seus impactos sobre elas; a violência sexual, o tráfico sexual que escraviza um milhão de mulheres (...). Um mal que atinge toda a sociedade, porque onde tem violência todo mundo perde e, quando uma mulher é violentada, toda família também é machucada. Essa é uma face da violência, talvez a mais cruel, porque uma vez violentada, ela talvez nunca mais volte a ser a mesma pessoa. A sua vida estará margeada de medo e de vergonha, sem amor próprio, deixando de ser um membro da sociedade, da sua comunidade, para viver em seu próprio mundo.

     A violência contra a mulher é tão comum e antiga, que o mestre Jesus Cristo defendeu uma mulher dizendo: “quem de vós estiver sem pecado, seja o primeiro a lhe atirar uma pedra”.

     No ano de 1980, eu, morando no Rio de Janeiro, consegui uma temporada musical de três meses em uma casa de shows, na capital paulista. Como ganhava pouco e não dava para fazer diariamente a ponte aérea Rio – São Paulo, eu optei por alugar uma “vaga para solteiros”, que era anexa à residência de um casal, Tião e Maria, no bairro do Ipiranga e logo nos tornamos bons amigos.

     Maria era uma mulher dócil, de fino trato, educada ao extremo e muito bonita. Tião, apesar de tratar bem os seus amigos, era uma pessoa com suas qualidades contrárias as de Maria e nos finais de semana bebia além do seu limite e batia em Maria.

     Eu cantava na casa de shows, das 22 às 24h e chegava em casa, lá para as duas horas da madrugada, o mesmo horário que o Tião costumava chegar de sua bebedeira. Do meu quarto não tinha como não escutar a ameaça de Tião contra Maria, com a intenção de satisfazer nela desejos lascivos. Era ameaça de morte ou de outro mal qualquer, feitas por meio de gritos, palavrões e todo tipo de ofensas verbais e morais, que causam dores maiores que uma dor física. Maria respondia dizendo que enquanto ele bebesse daquele jeito, nunca mais teria o seu amor. Nessa hora começava a sessão do espancamento: socos, pontapés, bofetões, entre outros. Como eu não podia dormir e naquela época não havia como denunciar, então eu pegava o violão e cantava a música “Maria, Maria” de Milton Nascimento e Fernando Brant, para tentar encorajar Maria a mudar de vida.

     Tião era um gerente de padaria que saía para o trabalho lá pelas 10 horas da manhã. E depois que saía, Maria me visitava com o objetivo de receber ajuda. Me mostrava as marcas de violência em seu corpo e pedia sempre para eu passar pomada onde suas mãos não alcançavam. Tião às vezes me procurava também para falar de mulheres que, segundo ele, “são todas iguais e só o nome e o endereço é que mudam”. Eu lhe dizia que mulher e violão é que são iguais: uma mulher pode ter o toque feminino semelhante ao de outra mulher, mas nunca igual. Um violão tem o toque parecido com o toque de outro violão, mas jamais igual. Com isso ele pedia para mudar de assunto e ameaçava quebrar o meu violão para eu nunca mais tocar a música “Maria, Maria”. Quando eu lhe dizia que era uma coincidência (...), o mesmo, irritado, dizia: “é coincidência demais para o meu gosto e a Maria é minha mulher, assim, eu bato nela na hora que eu quiser!”.

     Um certo dia, Tião e Maria estavam brigando, então eu peguei o violão e comecei a cantar Maria, Maria. Quando eu cantava a parte que diz “mas é preciso ter força, é preciso ter raça, é preciso ter gana sempre”, o Tião meteu um chute na minha porta, que arrebentou a fechadura e entrou gritando: “a partir de hoje você está proibido de cantar e de tocar essa maldita música ou vou quebrar esse maldito violão!”. No dia seguinte, depois do efeito da bebida, me pediu desculpas e mandou consertar a minha porta.

     Mais uma vez, depois de sua saída para o trabalho, Maria foi ao meu encontro, com um ferimento em suas costas - entre as duas “pás” - e me pediu para eu colocar um “band-aid” no machucado causado pela fivela do cinto do Tião. O “band-aid” foi colocado, mas foi preciso que ela tirasse a blusa; como também não tinha como não ver seus lindos seios (...), de mamilos a vermelhados que pareciam dois morangos de tão belos que eram. Minhas mãos tremiam e o meu coração só faltava pular pela boca. Maria ao me ver trêmulo... perguntou-me:

- Você está sentindo alguma coisa?
- Não. Eu não estou sentindo nada!
- Você está com nojo de minhas feridas?
- Imagina Maria, eu ter nojo de você?
- Você só sente amizade, por mim?
- Agora, com você, eu aprendi que o coração de um homem jamais sai pela boca.

     Na noite seguinte, a briga entre os dois foi ainda maior, porque Tião queria saber quem havia colocado o “band-aid” na Maria. E na briga, Tião deu um chute no quadril da Maria que no outro dia ela não conseguia caminhar direito e foi ao meu quarto levando um recipiente de creme para eu dar uma massagem no seu quadril.

- Ah, Maria, isso não. Eu nunca dei massagem em ninguém.
- Mas não tem mistério nenhum, eu vou te ensinando...

     A partir desse momento, passei a me criticar por minha fraqueza de ter aceitado uma mulher sofrida, que me pediu ajuda e a invejar os médicos pela resistência à beleza feminina e às vezes me comparava a uma mosca que gosta de chagas... É por isso que eu digo, com as mulheres não há quem possa.

     Nessa época, a pedido de um jornal paulista, eu estava pesquisando o Violão e a sua evolução histórica desde o século VII, na Europa, até sua chegada ao Brasil, no século XVII, através da Viola. O Violão e suas raízes, derivadas de outros instrumentos musicais tais como a Cítara romana, a Chiterma oriental, a Lira, a Harpa e o Alaúde, até as primeiras décadas do século XX, não podia entrar em salões da Elite, porque era tido como “maldito”. Por esse motivo eu acho que o violão tem uma história semelhante à da mulher, por mais estranha que possa parecer essa comparação. Mas, segundo a Bíblia, a mulher é derivada de uma costela do homem. Talvez por essa semelhança seja que o meu violão chorava toda vez que Maria apanhava.

     Oito anos depois que eu saí de São Paulo, fui fazer um trabalho em um espaço do SESC de Belo Horizonte - MG; e lá, encontrei a Maria, que foi prestigiar o meu trabalho. Ela estava com um empresário da construção civil, com o qual estava casada e um casal de filhos. E aí me contou que Tião morreu de cirrose hepática, um ano após a minha saída da “vaga para solteiros”.


Publicações anteriores:

Jornal de Fato, 3 de junho de 2007.

Jornal Zona Sul, junho de 2009.

Blog da APOESC (Associação de Poetas e Escritores de Santa Cruz), em 22 de outubro de 2011.


Contatos para shows: dudeviana@yahoo.com.br  Cels: (84) 9648 7947 / 8835 0871

terça-feira, 18 de outubro de 2011

A Saga dos Limões será lançada hoje em João Pessoa

Neste dia 18 de outubro, a partir das 19 horas, no auditório do Complexo Psiquiátrico Doutor Juliano Moreira, em João Pessoa, capital do Estado da Paraíba, será lançado o livro “A Saga dos Limões – Negritude no Enfrentamento ao Cangaço de Jesuíno Brilhante”, do Médico Psiquiatra e Pesquisador Social Epitácio de Andrade Filho.

Na foto: Epitácio Andrade com Dudé Viana numa atividade sócio-terápica no Hospital Dr. João Machado, Natal/RN, 24 de setembro de 2011.

O lançamento contará com a participação do Cantor e Compositor Potiguar Dudé Viana, que fará interlúdios musicais, e do Casal Gil Hollanda e Lúcia Souza. Ele
, autor de “Jesuíno, o cangaceiro brilhante”, em cordel, e ela, autora da dissertação de Mestrado (UFPB) sob o título: “Lugares de Memória – Jesuíno Brilhante e os Testemunhos do Cangaço no Oeste do Rio Grande do Norte e Fronteira Paraibana”.


Cordelista Gil Hollanda e Professora Lúcia Souza.

Como o evento vai ocorrer num “templo”, que homenageia Juliano Moreira, primeiro psiquiatra negro do Brasil, que resgatou o crânio do cangaceiro Jesuíno Brilhante, e ocorrerá no dia do médico, também servirá para mobilizar a categoria médica, numa temática que aborda a história da medicina.

Charge de Régis Soares – Entre os personagens: Epitácio em 1983/85.

“A Saga dos Limões” está sendo lançada pela segunda vez na Paraíba. A primeira vez foi em Catolé do Rocha, terra natal do autor.

Fonte: Site do Pôla Pinto

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Folder do show de Dudé Viana em Santa Cruz

Nesta sexta-feira, dia 14 de outubro, a partir das 19:30 horas, na Casa de Cultura Popular Palácio do Inharé, em Santa Cruz/RN, haverá o show “A Ponte”, do cantor e compositor Dudé Viana. A “Ponte” é um poema de Zila Mamede, musicado por Dudé, e compõe a trilha musical do curta-metragem do cineasta Potiguar Valério Fonseca “Pegadas de Zila”, que será exibido durante o evento. O cenário do palco será decorado com peças museológicas que perteceram ao Poeta e Rabequeiro Fabião das Queimadas.
A promoção do evento é da Casa de Cultura Popular Palácio do Inharé de Santa Cruz e da Associação de Poetas e Escritores de cordel (APOESC), com apoio cultural da Clínica Trairi, do Empresário Aderson Leão.
O casal Orley Gurgel/Lucinha Ferreira, o escritor Epitácio Andrade e o vereador Messiense Pola Pinto são os convidados especiais de Dudé Viana.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

SURGE UM NOVO CARRANO




 SURGE UM NOVO CARRANO   Por Epitácio de Andrade Filho

A edição 8.875, de 02 de outubro de 2011, do diário mossoroense Gazeta do Oeste, com chamada de capa, no caderno Cidades, apresenta matéria sobre um caso de censura literária, onde se relata a “prisão” do livro “A Saga Benevides Carneiro”, do Escritor Potiguar Dudé Viana, episódio que, no período pós-ditadura, só havia ocorrido há cerca de 10 anos, com o livro “Canto dos Malditos”, do militante antimanicomial Austregésilo Carrano, que inspirou o filme “Bicho de Sete Cabeças”, dirigido por Laís Bozansky, estrelado por Rodrigo Santoro, Othon Bastos e Cássia Kiss.

Várias postagens nas redes sociais levantaram mais suspeitas sobre a censura a obra do Escritor Caraubense, quando mostraram o suspeito de praticar “fanatismo” ao conteúdo de “A Saga Benevides Carneiro”: o deficiente físico Manuel Marques de Araújo, de 38 anos, que nunca havia sido acusado de nenhuma prática antijurídica na cidade de Jucurutu, no interior do Rio Grande do Norte, onde mora com seus pais Seu Inácio Adelino de Araújo, 80 anos, e Dona Antônia Marques, 78 anos.

Na pacata rua do centro da interiorana Jucurutu, onde mora, Manoel Marques recebeu o Escritor Dudé Viana que lhe foi prestar solidariedade e autografar a segunda edição do livro, uma vez que o livro que lhe pertence, que foi adquirido por compra, encontra-se em “reclusão”.

Paradoxalmente ao arbítrio da “prisão de um livro”, no início da rua onde ocorreu o fatídico episódio, um artista plástico local estampou um painel com o retrato pictórico do médico revolucionário Ernesto Che Guevara, baluarte mundial da liberdade, que no último dia 09 de outubro se passaram 44 anos de sua morte

O preconceito e a arbitrariedade são grandes geradores do sofrimento psíquico. O Escritor Dudé Viana é conhecedor profundo de vivências angustiantes, originadas pelo preconceito e pelo arbítrio. Foi vítima de injusta acusação ao ser confundido com um bandido, e “pagou” severamente por crimes que não cometeu. Talvez por isso, demonstre tanta preocupação com o sofrimento da família Marques de Araújo, que está sendo acusada de admirar “A Saga Benevides Carneiro”.

Neste aspecto Dudé também se assemelha a Carrano. Ambos foram vítimas de preconceito, ambos sofreram com a arbitrariedade, ambos tiveram suas obras apreendidas. Aliás, no período posterior à ditadura militar, foram os dois únicos autores que sofreram esse tipo de repressão. Mas, um pouco do legado destes escritores sofredores está presente em Jucurutu: É o caso do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), dispositivo de saúde mental destinado a atenuar o sofrimento das vítimas de violência. Uma conquista da reforma psiquiátrica, objeto da luta de Carrano, que Dudé passou a assimilá-la e a defendê-la.

Viva Carrano! Viva Dudé! Viva Manuel!

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Dudé visita cidadão que teve livro sobre os Carneiro apreendido pela PM em Jucurutu


Arquivo pessoal de Valdetário Carneiro vira caso de polícia

De Sayonara Amorim da redação da Gazeta do Oeste - em 02/10/2011.
A admiração de um homem pela história de um dos mais temidos e perigosos bandidos da Região Oeste do Rio Grande do Norte, José Valdetário Benevides Carneiro, vira caso de polícia na cidade de Jucurutu – região do Seridó. O problema surgiu quando a polícia do município descobriu que o deficiente físico Manoel Marques de Araújo, 38 anos, mantinha em sua casa um arquivo pessoal contendo livros e fotos sobre o bandido.

Com a descoberta da polícia, todo o material pessoal de Manoel foi apreendido e se encontra recolhido no cartório da Delegacia de Polícia Civil (DPC) de Jucurutu. Segundo Manoel, não havia motivo para que seu arquivo fosse levado e por isso está movendo um processo solicitando todo o seu material de volta.

Manoel conta que no dia da apreensão, início do mês de agosto deste ano, os policiais invadiram sua residência localizada no Centro de Jucurutu em busca de armas e provas referentes a uma denúncia anônima de que na sua casa, uma dupla se preparava para fazer um assalto na região. “Eles invadiram minha casa, quebraram a porta da frente, vasculharam tudo e nada que confirmasse a denúncia foi encontrado, e eles levaram então o meu arquivo de Valdetário”, explicou.

O arquivo de Manoel é composto por um quadro com a foto de Valdetário com a data de nascimento e morte em uma moldura e um livro intitulado: A Saga dos Benevides Carneiro (Dudé Viana). Manoel ressaltou que comprou o livro há muito tempo e o guarda como uma relíquia. Já o quadro, ganhou de um amigo. “Eu admiro a história do Valdetário e não acho que esteja incentivando o crime por isso. Tenho o direito de gostar do que quiser”. Desabafou.

PRISÃO


Na ocasião em que teve o arquivo apreendido, Manoel chegou a ser detido sob acusação de fazer apologia ao crime. Segundo ele, passou dois dias na prisão e foi liberado com a ajuda de um político da região que constituiu um advogado para fazer a sua defesa. “Eu nunca tinha sido preso em toda aminha vida, nunca respondi a qualquer processo e também nunca fiz inimizades aqui na minha cidade”, ressaltou.

A família de Manoel também não se conforma com tudo que aconteceu. “Meu filho sempre foi uma pessoa de bem e aqui na cidade todo mundo gosta dele, o que fizeram com ele é uma injustiça muito grande”. O desabafo é do pai de Manoel, o aposentado Inácio Adelino de Araújo, 80 anos.

VALDETÁRIO CONSTRUIU UMA LEGIÃO DE ADMIRADORES


José Valdetário Benevides Carneiro, 44 anos, morreu na madrugada do dia 10 de dezembro de 2003, durante uma ação policial que tinha como objetivo capturá-lo. No momento do cerco, o pistoleiro e assaltante José Valdetário Benevides Carneiro se encontrava no sítio Serrote, zona rural do município de Lucrécia, juntamente com sua mulher Silvana e o filho de 01 ano. Policiais civis, militares e Federais, chegarama até a casa de Valdetário e deram voz de prisão ao elemento que de imediato reagiu à prisão, sendo alvejado com aproximadamente 13 tiros.

Valdetário era, na época, o bandido mais procurado do Rio Grande do Norte. Segundo os registros policiais, ele atuava em parceria com outros bandidos perigosos, também mortos em confrontos com policias. No dia em que foi morto, Valdetário foi encontrado com documentos falsos. O corpo do bandido foi examinado no Instituto Técnico Científico de Polícia (ITEP) de Mossoró e foi enterrado no cemitério municipal de Caraúbas.

A quadrilha que era comandada por Valdetário Carneiro ficou conhecida e temida por suas ações criminosas. O bando que agiu por vários anos no Oeste potiguar tinha como atividades: Invadir cidades, matar pessoas inocentes, executar políticos e praticar assaltos a bancos e carros-fortes. Os membros da gangue dos ‘Carneiro’ protagonizou também chacinas e fugas espetaculares de delegacias e presídios não só no Rio Grande do Norte, mas também, em outros Estados da região Nordeste, entre eles o Ceará.    
Dudé visita cidadão que teve livro sobre os Carneiro apreendido pela PM em Jucurutu
por Cesar Alves [Portal Nominuto.com] Em 03/10/2011.

Há cerca de 40 dias passou despercebido pela mídia escrita um fato que aconteceu no município de Jucurutu/RN, que ao meu vê merecia um pouco mais atenção.
A polícia com a desculpa de que a casa do portador de deficiência física Manuel Marques de Araújo tinha armas e drogas conseguiram um mandato de busca e apreensão.
O estranho é que não se tem conhecimento na cidade que Manuel Marques de Araújo esteve envolvido em crimes. Como poderia se envolver em crimes?
Manuel disse que os PMs levaram de sua casa uma fotografia de Valdetário Carneiro que havia num quadro, o livro a Saga dos Benevides Carneiro e DVDs.
Seria crime Manuel ser fã de Valdetário, morto pela Policia no mês de dezembro de 2003 no município de Lucrécia? Seria crime conhecer a Saga dos Benevides Carneiro? E os DVDs?
Ontem o autor do livro a Saga dos Benevides Carneiro, o músico Dudé Viana, que na década de oitenta foi confundido com bandido e preso pela Policia Federal, visitou Manuel Marques.
Dudé visitou Manuel acompanhado com o psiquiatra Epitácio Filho, autor do livro a Saga dos Limões, contando a história dos que ousaram enfrentar o cangaceiro Jesuíno Brilhante.
Os dois saíram de Jucurutu indignados. “É injusto. Estamos numa cruzada pela paz a parti deste livro. Não queremos mais sofrimento. Queremos paz”, diz Dudé.
“A apreensão do Livro a Saga dos Benevides Carneiro me fez lembrar a apreensão do livro O Canto dos Malditos, que inspirou o Filme Bicho de Sete Cabeças, há dez anos”, diz Epitácio.
Manuel Marques disse que vai pedir a Justiça para devolver seu livro, o quadro e os DVDs.