Ontem (22 de julho) - Dia do Cantor Lírico - o programa
cultural de rádio feito na rua 'É Só Prá Dar Um Toque' homenageou três intérpretes brasileiras do
canto lírico: Bidu Sayão, Lapinha e Aída Batista. Mas ninguém não se admire se
essa foi no Brasil a única celebração ao Dia do Cantor Lírico, pois é muito pouco o
reconhecimento do Bel Canto no nosso país.
A primeira aclamada de ontem Joaquina Maria da Conceição da Lapa, a Lapinha, uma mineira
que começou a atuar no Rio de Janeiro na década de 80 do século XVlll foi a primeira
cantora brasileira a se apresentar na Europa. Era negra e sofreu imenso
preconceito racial, de tal maneira que tinha que cobrir o rosto com pó de arroz
antes de subir aos palcos. Mas venceu obstáculos diversos e obteve enorme
sucesso no Brasil e em Portugal, tanto como cantora quanto como atriz
dramática.
De acordo com o pesquisador e músico Sérgio Bittencourt-Sampaio,
em seu livro “Negras Líricas: duas intérpretes brasileiras na música de
concerto” (Sete Letras, 2008), Lapinha foi pioneira nas artes e na emancipação
da mulher. “Houve outras mulheres dedicadas à música, em seu tempo e antes, mas
estavam longe de conseguir tal prestígio”, diz Bittencourt-Sampaio.
Lapinha
A segunda ovacionada ontem, Bidu Sayão, era do Rio de
Janeiro e também conquistou os maiores palcos do mundo. Descendente de
imigrantes portugueses e suíços, Balduína de Oliveira Sayão (1906-1999) foi com
certeza a mais destacada cantora lírica do Brasil do século XX. Muito cedo dedicou-se ao canto lírico e
estreou aos 18 anos no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, depois estudou canto
em Bucareste (Romênia) e em Nice (França).
Bidu andou por diversos países e radicou-se nos EUA onde fez
brilhante carreira no Metropolitan, atuou durante 16 temporadas operísticas,
cantando em 155 apresentações. Apresentou-se também em turnês por outras
grandes cidades dos EUA, como Chicago e San Francisco. Em 1945, gravou em Nova
York a versão mais conhecida da "Bachiana Brasileira no 5", de Heitor
Villa-Lobos.
Em 1959, aceitou o convite de Villa-Lobos para gravar a composição
"Floresta Amazônica". Embora tenha passado quase toda a vida fora do
Brasil, nunca se desligou da cultura nacional.
Em 1995, aos 92 anos, visitou o Rio de Janeiro para assistir
a uma grande homenagem: no Carnaval carioca, sua vida e sua carreira foram
enredo da escola de samba Beija-Flor.
Foto: Memorial da fama
Bidu Sayão.
A terceira reverenciada ontem foi Aída Batista, cantora lírica de carreira internacional, nascida
em Nilópolis, RJ, no ano de 1961. Dona
de uma raríssima voz. Mulher negra e pobre que cantava desde pequena na rua e
em cima das goiabeiras, varrendo a casa, lavando roupa para terceiros com sua
mãe e nos finais de semana, no coral da Igreja Batista da cidade. Ela afirmava
“não saber fazer nada sem cantar”.
“Em 1999 Aída é vítima de discriminação racial no prédio 92
da Rua Senador Vergueiro no Flamengo, onde estudava francês com uma professora
particular. O porteiro a impediu de usar o elevador social e quando ela
perguntou se o elevador estava com defeito ele debochou da condição dela ser
negra. Registrou queixa crime com base no artigo 11 da lei Kaó e expressou o
quanto se sentiu pisada, humilhada e preocupada com todos os brasileiros que
passam por este tipo de discriminação.
Na ocasião uma TV Alemã que estava produzindo um documentário da vida
dela acompanhou a cantora”
Aída Batista
Serviço: o programa cultural É Só Prá dar Um Toque desta semana aconteceu ao lado do Café São Luiz, na Rua Princesa Izabel - Centro de Natal, com o produtor e ativista cultural João Eudes, a coordenadora do MNPR-RN, ativista social, musicista e produtora cultural Luanda Luz, o assistente Marcelo Santos, o comunicador Allan Santos da FM Ouro Negro 95,5 em Guamaré - Baixa do Meio e seu assistente Fabrício Santos, o apoiador cultural Raimundo Borges Miranda e este Cantautor.
Luanda Luz, João Eudes, Marcelo Santos, Dudé Viana e Raimundo Borges Miranda
Luanda Luz, João Eudes, Allan Santos, Fabrício Santos (em pé), Dudé Viana e Raimundo Borges Miranda
João Eudes, Allan Santos, Fabrício Santos (em pé), Dudé Viana e Raimundo Borges Miranda
CD's e livros promocionais...
Por último informo que a próxima edição do programa vai homenagear o Fabião Hermenegildo Ferreira da Rocha, popularmente conhecido por Fabião das Queimadas, nascido em 1848, na fazenda Queimadas município de Santa Cruz-RN.
Fontes:
Revista de História
Educacao.uol.com.br
Africabrasilidentidades.blogspot.com.br