sábado, 23 de julho de 2016

Em Natal o Dia do Cantor Lírico foi comemorado na rua

Ontem (22 de julho) - Dia do Cantor Lírico - o programa cultural de rádio feito na rua 'É Só Prá Dar Um Toque' homenageou três intérpretes brasileiras do canto lírico: Bidu Sayão, Lapinha e Aída Batista. Mas ninguém não se admire se essa foi no Brasil a única celebração ao Dia do Cantor Lírico, pois é muito pouco o reconhecimento do Bel Canto no nosso país.

A primeira aclamada de ontem Joaquina Maria da Conceição da Lapa, a Lapinha, uma mineira que começou a atuar no Rio de Janeiro na década de 80 do século XVlll foi a primeira cantora brasileira a se apresentar na Europa. Era negra e sofreu imenso preconceito racial, de tal maneira que tinha que cobrir o rosto com pó de arroz antes de subir aos palcos. Mas venceu obstáculos diversos e obteve enorme sucesso no Brasil e em Portugal, tanto como cantora quanto como atriz dramática.

De acordo com o pesquisador e músico Sérgio Bittencourt-Sampaio, em seu livro “Negras Líricas: duas intérpretes brasileiras na música de concerto” (Sete Letras, 2008), Lapinha foi pioneira nas artes e na emancipação da mulher. “Houve outras mulheres dedicadas à música, em seu tempo e antes, mas estavam longe de conseguir tal prestígio”, diz Bittencourt-Sampaio. 

                                         Lapinha                      

A segunda ovacionada ontem, Bidu Sayão, era do Rio de Janeiro e também conquistou os maiores palcos do mundo. Descendente de imigrantes portugueses e suíços, Balduína de Oliveira Sayão (1906-1999) foi com certeza a mais destacada cantora lírica do Brasil do século XX.  Muito cedo dedicou-se ao canto lírico e estreou aos 18 anos no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, depois estudou canto em Bucareste (Romênia) e em Nice (França).

Bidu andou por diversos países e radicou-se nos EUA onde fez brilhante carreira no Metropolitan, atuou durante 16 temporadas operísticas, cantando em 155 apresentações. Apresentou-se também em turnês por outras grandes cidades dos EUA, como Chicago e San Francisco. Em 1945, gravou em Nova York a versão mais conhecida da "Bachiana Brasileira no 5", de Heitor Villa-Lobos.
Em 1959, aceitou o convite de Villa-Lobos para gravar a composição "Floresta Amazônica". Embora tenha passado quase toda a vida fora do Brasil, nunca se desligou da cultura nacional.
Em 1995, aos 92 anos, visitou o Rio de Janeiro para assistir a uma grande homenagem: no Carnaval carioca, sua vida e sua carreira foram enredo da escola de samba Beija-Flor.

                                                                     Foto: Memorial da fama
                                                    Bidu Sayão.                  

A terceira reverenciada ontem foi Aída Batista, cantora lírica de carreira internacional, nascida em Nilópolis, RJ, no ano de 1961.  Dona de uma raríssima voz. Mulher negra e pobre que cantava desde pequena na rua e em cima das goiabeiras, varrendo a casa, lavando roupa para terceiros com sua mãe e nos finais de semana, no coral da Igreja Batista da cidade. Ela afirmava “não saber fazer nada sem cantar”.

“Em 1999 Aída é vítima de discriminação racial no prédio 92 da Rua Senador Vergueiro no Flamengo, onde estudava francês com uma professora particular. O porteiro a impediu de usar o elevador social e quando ela perguntou se o elevador estava com defeito ele debochou da condição dela ser negra. Registrou queixa crime com base no artigo 11 da lei Kaó e expressou o quanto se sentiu pisada, humilhada e preocupada com todos os brasileiros que passam por este tipo de discriminação.  Na ocasião uma TV Alemã que estava produzindo um documentário da vida dela acompanhou a cantora”
                                                     
                                   Aída Batista

Serviço: o programa cultural É Só Prá dar Um Toque desta semana aconteceu ao lado do Café São Luiz, na Rua Princesa Izabel - Centro de Natal, com o produtor e ativista cultural João Eudes, a coordenadora do MNPR-RN, ativista social, musicista e produtora cultural Luanda Luz, o assistente Marcelo Santos, o comunicador Allan Santos da FM Ouro Negro 95,5 em Guamaré - Baixa do Meio e seu assistente Fabrício Santos, o apoiador cultural Raimundo Borges Miranda e este Cantautor.

Luanda Luz, João Eudes, Marcelo Santos, Dudé Viana e Raimundo Borges Miranda

Luanda Luz, João Eudes, Allan Santos, Fabrício Santos (em pé), Dudé Viana e Raimundo Borges Miranda

João Eudes, Allan Santos, Fabrício Santos (em pé), Dudé Viana e Raimundo Borges Miranda
                                   
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Por último informo que a próxima edição do programa vai homenagear o Fabião Hermenegildo Ferreira da Rocha, popularmente conhecido por Fabião das Queimadas, nascido em 1848, na fazenda Queimadas município de Santa Cruz-RN.

Fontes:
Revista de História
Educacao.uol.com.br
Africabrasilidentidades.blogspot.com.br

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