terça-feira, 13 de julho de 2021

A psiquiatria e o cangaço na vida do médico e pesquisador social Dr. Epitácio de Andrade Filho - Oeste em Pauta

Matéria do Oeste em Pauta transcrita na íntegra.


A série Prosa de Artista vai prosear essa semana com o médico, escritor e militante da saúde mental do Rio Grande do Norte Epitácio Andrade Filho, com graduação em Medicina pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB) em 1991. Atualmente é oficial de saúde reformado da Policia Militar do Rio Grande do Norte, Pesquisador-colaborador do Núcleo de Estudos em Saúde Coletiva (NESC/UFRN); Membro da Rede Nacional Internúcleos da Luta Antimanicomial (RENILA), com vasta experiência na área de Medicina, com ênfase em Psiquiatria e Medicina Preventiva e Social. É também ator e escritor; Membro da Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço (SBEC); Desenvolve atividades que integram saúde coletiva com cultura popular; Facilitador de processos de inclusão social. Epitácio Andrade é autor de diversos livros, que envolvem a história do cangaço na região Nordeste. Entre os livros já publicados por Epitácio Andrade, podemos destacar a “A Saga dos Limões – Negritude no Enfrentamento ao Cangaço de Jesuíno Brilhante”, e “Fui ao Croatá… – Uma Geolovehistory”.

Nessa prosa descontraída ele, fala sobre sua vida, sua carreira como médico psiquiatra, sua militância cultural e política, além de sua paixão pela história do cangaço.

Por Fabiano Souza

Prosa de Artista: Nos conte um pouco sobre sua história de vida. Suas origens (pais, irmãos, infância, filhos)
                                                                                                           



Nasci em Catolé do Rocha na Paraíba “praça de guerra”, ode também nasceu o cantor Chico César, e fui criado no pé da serra cangaceira de Jesuíno Brilhante e Preto Limão, em Patu no RN. Sou filho do farmacêutico Epitácio de Andrade, de quem herdei o nome e para defini-lo parafraseio Cazuza “minha maior inspiração de amor” com a professora Lourdinha Holanda, idealizadora da Feira da Cultura de Patu, que contribuiu para despertar meu interesse e admiração pelas artes. Minha infância foi marcada pelas idas à zona rural para pegar frutas e observar com encantamento a caatinga nos sítios do pé da Serra do Lima para depois fazer uma visita mística ao santuário; pela fabricação de carrinhos de madeira, eu tinha grande interesse por brinquedos populares, achava mais prazeroso fazê-los com amigos do que os comprados em lojas; pelo futebol, quando comecei a torcer pelo fluminense e pela iniciação às artes, “missa e praia céu de anil,” em Tibau, onde conheci o mar. Participava de brincadeiras coletivas, que ajudaram na minha socialização. A programação dominical era sempre frequentar o Sítio Gangorra dos meus avós paternos, lugar absolutamente tranquilo, onde me sentia amado e em paz. A sesta era numa “preguiçosa” na calçada do mercado, para depois ir contemplar a exuberância arquitetônica do Sobrado de Belém de Brejo do Cruz, daí veio meu gosto por museus. De novo, recorro ao poeta “Desejava o futuro repetindo o passado, eu via um museu de grandes novidades, o tempo não para…” Estudei no Educandário Santa Terezinha, onde tive acesso ao domínio da escrita e leitura. Com tenra idade, soletrei as primeiras frases. Resultado de uma paixão adolescente, estou casado há 29 anos com a professora Cristina Cláudia com quem temos dois filhos: Tiara, mestre em psicologia e Ito, fisioterapeuta, cursando especialização em fisioterapia respiratória.

                                                  

 
P.A.: Como foi sua educação formal, os primeiros anos de ensino e posteriormente a conclusão do ensino superior e pós-graduação?

Cursei ensino fundamental no Ginásio Municipal de Patu. Aos 11 anos, deixei a casa dos pais e migrei para o sertão central da Paraíba, onde fui morar na república da professora “tia Chiquinha”, sendo eu a única criança entre os residentes. Em Patos, dei continuidade e concluí o então ciclo ginasial no “Colégio dos Padres”- Educandário Diocesano, participando de discussões sobre a teologia da libertação e conhecendo comunidades eclesiais de base. No ano de 1980, iniciei o ensino médio no Colégio Cristo Rei (o ginásio das freiras), fui eleito duas vezes para a diretoria do Centro Cívico “Pe. José de Anchieta”. Em 1981, mudei-me para João Pessoa, capital da Paraíba, onde concluí o ensino médio. No ano seguinte, eu me submeti ao vestibular da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Aprovado aos 16 anos, em janeiro de 1983, ingressei no curso de medicina do Centro de Ciências da Saúde. Cursei Residência em Medicina Preventiva e Social (RMPS) e Residência Médica em Psiquiatria, no Hospital Universitário “Lauro Wanderley”, logo depois no mesmo hospital concluí especialização em psiquiatria clínica.

Em 2017, concluí Curso de Especialização em Cinema (UFRN), apresentando a monografia “O Cangaço Potiguar no Cinema Nacional e no Filme Jesuíno Brilhante, O Cangaceiro”, de William Cobbett.”

P. A.: Como você se definira como estudante?

                                 


Sempre fui estudioso e companheiro leal dos colegas. Os mais próximos dizem que tenho excelente memória. No exercício profissional, revelei-me servidor público, como explica uma plaqueta que recebi de presente de uma amiga enfermeira: “Epitácio vem do grego, quer dizer “ofício de Estado””. Continuo sendo estudante, enquanto meu intelecto permitir me manterei na busca por conhecimentos para atenuar meus conflitos intrapsíquicos e oferecer minha colaboração na resolução dos sociais.

P.A.: Por que a escolha pela psiquiatria?

     


Primeiro veio a escolha pela medicina. Praticamente, fui criado dentro de uma farmácia. Assistia diuturnamente meu pai atender com muita dedicação aos seus clientes. Observava meu tio médico Dr. Cândido Nóbrega cuidar competentemente dos seus pacientes portadores das mais diversas patologias. Essa dupla identificação me fez perceber desde cedo que meu caminho profissional estaria relacionado às ciências da saúde, tendo em vista também minha capacidade empática, uma vez que o sofrimento dos outros sempre fez parte de minhas preocupações. Na minha infância, o tilintar acelerado das badaladas do sino da igreja anunciava a morte de mais um anjo. Era a cruel representação simbólica da mortalidade infantil sertaneja. Para mim, essa realidade além de assustadora, era revoltante, não me conformava com a tentativa de racionalização para normalizar o fenômeno que os adultos faziam dizendo: “Ele vai pro céu”. Foi onde encontrei a justificativa para cursar medicina preventiva e social. Também na infância, não conseguia compreender a dura e quase sempre perversa relação que a sociedade tinha com a loucura humana. Muitas vezes assisti a cenas de doentes mentais amarrados sendo conduzidos para o manicômio. Achava que poderia ser diferente. Em mim, não era só medo e impotência o que aquilo causava, gerava também indignação. Sonhava que no futuro novas maneiras surgiriam para melhorar as relações da sociedade com seus “loucos”. Fatos trágicos envolvendo o fenômeno da loucura ocorreram na cidade, durante minha infância. Posteriormente, descobri que tais episódios aguçaram minha curiosidade em melhor compreendê-los. O sofrimento gerado pela pobreza no Sertão me fazia ver constantemente pessoas chorarem pela privação material. Percebia que campanhas de arrecadação de donativos de meu grupo de jovens não eram suficientes para resolver o sofrimento psíquico causado pela fome. Nesse período, a leitura de “O Alienista,” de Machado de Assis trouxe uma luz para meu caminho ”A tarefa mais nobre do médico é cuidar da alma.” De volta à empresa paterna, coincidentemente, chamada “Farmácia dos Pobres”, nesta tinha fascínio pelo armário fechado à chave, onde eram acondicionados medicamentos psicotrópicos(controlados), que eu sonhava “ficar grande” para ter acesso às chaves. O sonho infantil certamente me direcionou para buscar ferramentas para o manejo desses medicamentos. Também na infância, ouvia relatos das vivências de situações difíceis trazidas pelas pessoas que frequentavam a farmácia, despertando minha capacidade de escuta necessária à profissão psiquiátrica.

Quanto tempo você esteve atuando exclusivamente na medicina? 25 anos. Entre 1991 e 1996, concursado exerci a função de médico sanitarista da vigilância epidemiológica da secretaria de saúde da Prefeitura Municipal de Cabedelo, cidade portuária da área metropolitana de João Pessoa. Durante quase duas décadas atuei como médico psiquiatra de centros de atenção psicossocial(CAPS) do RN e PB. Em 2004, participei da implantação do CAPS Álcool e drogas de Campina Grande. Nos anos 90, por meio de concurso público ingressei como médico no rol de servidores da Secretaria de Estado da Saúde Pública do Rio Grande do Norte (SESAP). Durante 15 anos, trabalhei como psiquiatra do Hospital Psiquiátrico “Dr. João Machado”, em Natal; em 2001, eu me submeti ao concurso público para o cargo de médico psiquiatra da Polícia Militar do Rio grande do Norte, passando a compor o quadro de oficiais de saúde durante 14 anos. No meio do caminho…O ônus da patologia me trouxe o bônus da aposentadoria precoce, porém um amigo me diz que: “O médico nunca deixa de sê-lo, nem mesmo morto porque fica o legado”.

P. A.: Como surgiu seu interesse pela literatura?

Na infância, com amigos éramos ávidos leitores e colecionadores de revistas de quadrinhos (gibi). Viajávamos de trem a Mossoró para adquiri-las, numa dessas viagens conheci o livro “Jesuíno Brilhante, o Cangaceiro Romântico”, de Raimundo Nonato. Foram passos iniciais para depois despertar o interesse por história em quadrinhos. No início dos anos 80, acompanhei o trabalho de campo que resultou na elaboração da revista sobre o cangaceiro Jesuíno Brilhante. Em Patos, uma colega me apresentou o conto“ O Pequeno Príncipe”, de Antoine de Saint-Exupéry, cuja leitura me revelou a magia da literatura, realimentando sonhos infantis de um mundo melhor.

P. A.: Quais foram as suas primeiras leituras e quem foram seus influenciadores?

A leitura de Vidas Secas, de Graciliano Ramos me proporcionou um retorno às raízes. Caminhei pelos sertões, de Euclides da Cunha; chupei cana em A Bagaceira, de José Américo de Almeida na companhia de Menino de Engenho, de José Lins do Rego; Eu provei do beijo como véspera do escarro na poesia de Augusto dos Anjos. Do sertão, passei pelo agreste e cheguei ao litoral baiano, onde naveguei no Mar Morto, de Jorge Amado. No “Auto da Compadecida” me maravilhei com o movimento armorial de Ariano Suassuna. O contato com o laureado literato Gil Holanda, meu principal influenciador, abriu novos horizontes de leitura e produção literária. Na universidade, tive oportunidade de participar de um ECEM(Encontro Científico de Estudantes de Medicina), realizado em 1985, na cidade de Porto Alegre/RS. O contato com novos saberes e com outra realidade veio me reforçar o engajamento político-social.

Foi no período universitário que conheci o professor de ciências sociais Rômulo Gondim. Ele me apresentou um pouco da obra de Michel Foucault, começando pela “História da Loucura” e depois “Vigiar e Punir”, obras fundamentais para alargar as perspectivas teóricas de minha compreensão da sociedade, juntamente com “A História da Riqueza do Homem”, de Leo Huberman. Com Rômulo, tive longas investidas discursivas sobre o romance “Crime e Castigo”, do escritor russo Fiodor Dostoievski. Sob influência do professor-mestre em psicologia (UFBA) Marcus Vinícius, mentor intelectual da luta antimanicomial, li “Manicômios, Prisões e Conventos”, de Erving Goffman. Livro que aborda o conceito de instituição total, cuja compreensão é necessária para a defesa da reforma psiquiátrica brasileira.” Marcus Matraga”, como era conhecido também me apresentou a obra do psiquiatra italiano Franco Baságlia, de sua autoria fiz a leitura de “A Instituição Negada”; Li “Porcos com Asas- Diário Sexo-político de Dois Adolescentes”, de Marco L.Radice, obra que me aproximou de temas da juventude. Ouvi falar do filósofo Friedrich Nietzsche através do colega de curso Hermano José Almeida, hoje médico psiquiatra, escritor e doutor em filosofia, sob sua indicação li “O Anticristo” e conheci obras freudianas como “A Interpretação dos Sonhos” e “Totem e Tabu”

P. A.: O que o levou a escrever a sua primeira obra e qual foi?

Depois do lançamento da 2ª edição da revista de história em quadrinhos sobre Jesuíno Brilhante, em 1987, um dos autores o pesquisador Emanoel Amaral me passou vasto material fotográfico referente aos Limões, principais algozes de Jesuíno. Como a realização desta obra foi resultado de parceria entre a Fundação Cultural José Augusto com a Prefeitura Municipal de Patu, na gestão 1983-88, quando meu pai era prefeito e Associação Cultural Patuense (ACUP) na gestão 1987, quando eu era o presidente, resolvemos dar continuidade à pesquisa e editar “A Saga dos Limões-Negritude no Enfrentamento ao Cangaço de Jesuíno Brilhante”. Com a publicação do meu 1º livro, em 2011, deu-se visibilidade a um grupo étnico-familiar que além de enfrentar e pôr fim ao cangaço de Jesuíno Brilhante, foi protagonista na Revolta dos Quebra-quilos e resistiu ao recrutamento forçado para a Guerra do Paraguai

P. A.: Na sua opinião um bom escritor pode se fazer ou nasce feito?

Para o escritor e filósofo italiano Umberto Eco, “existe apenas uma coisa que excita mais os animais do que o prazer, a dor”. Partindo-se do pensamento desse bibliófilo, pode-se constatar que o bom escritor é moldado pelo enfrentamento das dores e agruras cotidianas. Por outro lado, a condição inata de bem escrever, um talento que a pessoa nasça com ele não é regra, é exceção, está restrita ao seleto grupo da genialidade.

P.A.: Quais foram as maiores contribuições dos movimentos culturais da sua época na região do Médio Oeste para o desenvolvimento cultural dessa região?

                                



A partir de 2000, realizamos, anualmente, uma série de 4 edições do “Encontro de Radiodifusão Comunitária e Saúde Mental do Médio-oeste Potiguar. O 1º aconteceu em Janduís, no ano seguinte fomos realizá-lo no Santuário do Lima, em Patu. Em 2002, subimos a serra do Martins. Este encontro contou com a participação dos integrantes do programa “Porque Hoje é Sábado” da Rádio Rural de Caicó, uma experiência de rádio-teatro, conduzida por um radialista-âncora, voltada para a reabilitação psicossocial de pessoas portadoras de transtornos mentais. Em 2003, o encontro extrapolou a fronteira do médio-oeste e foi realizado na cidade de Rafael Fernandes, na “Tromba do Elefante”. Desses eventos participaram técnicos de saúde mental, usuários e familiares dos serviços, radiocomunicadores, professores, alunos e interessados na temática. Os encontros suscitaram um bom debate em torno da importância de se implantar o Centro de Atenção Psicossocial (CAPS-Patu) para acolher, tratar e reabilitar pessoas com transtornos mentais no médio-oeste. As realizações serviram de estímulo para a criação e fortalecimento de rádios-comunitárias na região, bem como contribuíram para despertar vocação de jovens comunicadores. Em 1997, a criação do Movimento Patu 2001, abriu caminhos para o resgate da comunidade quilombola do Jatobá, hoje com regularização fundiária concluída. Em 1999, numa parceria com Pôla Pinto do Sindicato das Trabalhadoras e Trabalhadores da Agricultura Familiar de Messias Targino viabilizamos a histórica visita de Dona Chica Brejeira, pessoa que alcançou maior longevidade no estado, a Sereno, líder daquela comunidade. O encontro da cidadã centenária com o respeitado quilombola elevou a autoestima dos comunitários e fortaleceu a consciência negra do Jatobá. Foi um memorável momento de cidadania plena. A chegada de novos brincantes revitalizou o grupo folclórico “O Boi de João de Artur” e a promoção do cortejo cultural comandado por João de Artur na abertura do FLIPAUT (Festival Literário Alternativo da Praia da Pipa)- edição 2012 deu visibilidade estadual à cultura do médio-oeste potiguar.




P.A.: Mesmo sendo filho de político, já que seu pai foi prefeito de Patu, você não ingressou na vida pública. Você chegou a disputar algum cargo eletivo, ou sempre preferiu trabalhar apenas na militância?

Nunca disputei cargo eletivo, exceto no movimento estudantil. Acredito na força transformadora da militância sociopolítica-cultural.

P.A.: A política partidária de certa forma o causou decepção?

É necessário e defendo o desenvolvimento da consciência política da população por meio de ações coletivas. Hoje, a política partidária não é minha prioridade.

P. A.: Além da literatura você também tem outros trabalhos na área cultural. Quais foram seus principais trabalhos?

 


A produção do documentário “O Lugar da Morte de Jesuíno Brilhante” acabou, peremptoriamente, com as incertezas que giravam em torno desse fato. O mais famoso cangaceiro potiguar morreu no Serrote da Tropa, zona rural de São José de Brejo do Cruz, na Paraíba. Esta informação está referenciada na dissertação de mestrado “Lugares de Memória – Jesuíno Brilhante e os Testemunhos do Cangaço nos Sertões do Oeste Potiguar e Fronteira Paraibana”(UFPB), da professora Lúcia Maria de Souza Holanda. Considero ser aquela produção audiovisual nossa principal contribuição para o estudo do cangaço.


Com a participação do pesquisador Aucides Sales e do artista circense Alberi Silva, produzimos: “Bulindo Cum Eu” – Uma Comédia Anti-Bullying, apresentado em formato de trabalho científico na IIª Mostra Nacional de Práticas Psicológicas, realizada no Anhembi, em São Paulo/SP, no ano de 2012.

P. A: Como você avalia o atual momento cultural no estado, levando em conta a questão da pandemia?

Como o fazer cultural é necessariamente coletivo, as dificuldades ficam redobradas numa pandemia que tem como principal aliado da transmissibilidade da doença os contatos interpessoais. A realização de eventos fica quase impossibilitada, tendo em vista os riscos para artistas e público. A pandemia agravou a crise econômica. Tenho visto artistas, cuja única fonte de renda é a venda de seus produtos culturais, em vivência de problemas para a satisfação de suas necessidades e de suas famílias, tendo que recorrer às políticas compensatórias. Alguns artistas têm dificuldades na elaboração de projetos para buscar financiamento previsto nas leis de incentivo à cultura. Parece ser insuficiente o assessoramento técnico para suprir essa demanda. Os recursos virtuais diminuem os riscos de exposição à doença, mas quebra a energia da interação que envolve artista-público. Com certeza, a construção de grandes obras (em curso) e o desenvolvimento de outras iniciativas trarão resultados importantes para a indústria turístico-cultural do estado no pós-pandemia.

P. A.: Você tem planos de publicar novos livros e qual o gênero?

Pretendo fazer uma 2ª edição revisada e ampliada de “A Saga dos Limões”, nosso ensaio historiográfico sobre cangaço, que se encontra esgotado há mais de uma década. A publicação de novos livros está sendo condicionada ao caminhar acadêmico dos meus filhos e gostaria de elaborar um livro técnico.

P. A.: O que você gostaria que eu tivesse perguntado nessa entrevista que eu não perguntei, mas que você gostaria de ter respondido e por quê? Aproveite para fazer suas considerações finais.

Gostaria que você tivesse me perguntado qual é minha opinião sobre o entrevistador.

Para eu responder que Fabiano Souza é uma figura humana extraordinária, um jornalista brilhante, sempre atento às questões culturais, muito dedicado ao Rio Grande do Norte, principalmente à região polarizada por Mossoró, que conheci na labuta jornalística nas redações das mídias. Por meio do amigo em comum Pôla, nos reencontramos no médio-oeste, contei com sua competente cobertura ao evento “Cangaço e Negritude”, que realizamos em Currais Novos. Finalmente, deixo meu fraterno abraço extensivo à família com votos de muita paz, saúde e sucesso na sua jornada de vida! Parabéns pela edição do relevante site “Oeste em Pauta” e minha gratidão por estar entre os convidados da “Prosa de Artista”.

Epitacinho e Suas 7 Artes

     


Tive uma incursão pela 1ª arte dividindo com Anísio Neto a composição da letra de “Nadir”, música que está no CD “Flor no Deserto”, lançado por Dudé Viana em 2016. Para marcar meu trânsito pela 2ª e 6ª artes, respectivamente, participei do elenco de espetáculos de dança e teatro com apresentações em 3 estados nordestinos.


Minhas promoções na 3ªarte incluem realizações de exposições do artista plástico mossoroense Jany Tavares, autor da capa de nossa obra romanesca “Fui ao Croatá-Uma geolovehistory”,um de meus produtos da 5ª arte, a literatura.


Na 4ª arte promovi exposições de artesões e escultores, durante o evento “Uma Viagem Transcultural ao Universo das Sagas Nordestinas”, realizado em Campina Grande no ano de 2011.


Membro da Associação Brasileira de Documentaristas e Curta-metragistas , autor de “O Lugar da Morte de Jesuíno Brilhante”(2005) e “O Doido do Saco”(2002), documentário sobre produtos derivados do cânhamo. Escrevi o argumento de “O Carpidor”, longa-metragem do cineasta Anderson Reis ”Legal”, que tematiza a influência judaica na sociedade sertaneja são marcas de minha passagem pela 7ª arte.


Não satisfeito com as sete artes, fotografei uma edificação imperial em ruínas para lançar a campanha “Salvemos o Sobrado de Belém!”


O apelido “Epitacinho” surgiu com amigas e amigos de infância, ganhou força na adolescência e persiste na maturidade sendo chamado carinhosamente pelos mais íntimos.

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