quinta-feira, 27 de outubro de 2011

O violão e sua evolução histórica - por Dudé Viana

                                                        Foto: Alex Régis
    Dudé Viana

O violão e sua evolução histórica

Dudé Viana



Historicamente, o violão pertence à família dos instrumentos musicais de cordas, utilizado pelos povos primitivos e da antiguidade, sendo que sua verdadeira origem gera muitas controvérsias entre os musicólogos. Para alguns estudiosos, o violão tem diversas raízes derivadas de transformações de instrumentos musicais tais como: cítara romana, chiterma oriental, lira, harpa  e alaúde.
Na Europa, no século VII há indícios da existência de um violão - uma espécie de violão parecido com o de hoje. Mas o que é certo é que o violão tem a sua origem perdida no tempo. Sabe - se que o seu grande desenvolvimento aconteceu na Espanha. Apesar de vários povos fabricarem violões, entre eles os ingleses, franceses e italianos, nenhum era tão bom quanto o violão espanhol.
As primeiras grandes obras publicadas para violão datam de meados do século XV em trabalhos dos artistas espanhóis: Afonso Mudarra e Miguel Fuenllana. Antônio Torres Jurado (1817-1892), um carpinteiro de San Sebastian de Almeria, também na Espanha, foi quem colocou a sexta corda no violão e ficou conhecido mundialmente como o melhor luthier na construção de violões clássicos. Já no século XVIII  compositores renomados como Paganini, Schubert e Weber realizaram várias músicas para violão.
O violão chegou ao Brasil no século XVII através da viola, instrumento similar ao violão em forma de sonoridade. Ela foi trazida pelos jesuítas no bojo da orquestra típica de catequese. Até hoje, muita gente chama violão de viola. O Nordeste brasileiro começou cedo a nos revelar seus ritmos, suas tradições musicais e seus talentos individuais começando por Catulo da Paixão Cearense. Quando ainda não havia rádio no Brasil, ele já toca violão e música popular brasileira – outra história que precisa ser contada.
Em 1908, Catulo da Paixão Cearense (autor de Luar do Sertão), foi convidado para uma audição no Salão do Instituto Nacional de Música no Rio de Janeiro. Acompanhado apenas por seu violão, conseguiu o que até então parecia impossível: levar um instrumento “maldito” para um salão de elite. O sucesso foi tanto que, de lá pra cá, o violão passou definitivamente a fazer parte da nossa história. E na década de 20, houve uma maciça popularização do instrumento, quando deixou de ser instrumento de “malandro” para ser o instrumento preferido das camadas mais altas da sociedade, notadamente no Rio de Janeiro, onde tocar violão era coisa “chic”. Nessa época surge a revista “O Violão”, editada por animados aficionados que pertenciam à alta sociedade cultural do Rio e praticavam o violão como amadores. O violão é conhecido com este nome no Brasil, sendo que em outros países do mundo é conhecido como “guitarra”, “guitarra espanhola” devido ao seu grande desenvolvimento na Espanha e “guitarra acústica” depois do surgimento da guitarra elétrica. Em 1997, em homenagem aos violeiros, gravei o Cd “Violas e Cantigas” tocando um violão como se fosse uma viola – por acreditar que o violão é uma evolução da viola.
Publicações anteriores:
 Jornal Diário de Natal, em 15 de março de 2005.
 Jornal Zona Sul - edição de agosto de 2009.
 Blog da APOESC - em 26 de outubro de 2011.
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